O sobrevivente
Ele partiu e levou consigo algo meu;
uma parte de mim que nunca lhe ofereci,
em primeiro lugar.
Mas eu sobrevivi.
O perdoei,
embora fosse difícil de acreditar
que nunca mais voltaria a encontrá-lo e,
tampouco, seria inteiro mais uma vez.
Minha juventude aconteceu insensivelmente,
dias eram como anos e os anos eram décadas.
E tão insensível quanto o tempo,
brindei à década que se passou desde a sua morte.
e esperei,
pacientemente,
pela minha vez.
O encontrar novamente
me soava uma maravilha
que não aconteceria
a menos que eu partisse na mesma direção que ele.
Então decidi que era hora de partir
encontrar ele
e lhe fazer devolver a parte que roubou de mim
antes de ir.
E assim aconteceu:
Um brilho intenso surgiu e eu o apreciei como uma brisa fresca em um dia quente.
Mas logo o brilho desapareceu
e somente uma densa escuridão restou,
e as vozes ao meu redor me ajudaram a descobrir
que mais uma vez algo pior que a morte me esperava.
— Eu sobrevivi.
— Sobreviver é considerado uma benção por algumas pessoas.
Ela diz, espantada com minha declaração.
— Aposto que nenhuma dessas pessoas conheceu a morte. Todos que a conhecem sabem que ela é pior para quem sobrevive. — Sussurro, voltando a encarar a chuva do lado de fora do quarto. — Eu sobrevivi mais vezes do que posso contar. Ela me odeia.
Henrique Satt Visualizar tudo →
21 anos de idade, apaixonado por literatura, fotografia e pela natureza.
Adorei 😍
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